Daninhas, mais ou
menos danadas, não se reproduzem e encontram apenas no campo. Também
na cidade. E algumas, além daquelas propriedades, são ainda bem danadinhas!...
Ó se… E, às vezes, tão, tão, tão pequeninas! Que, vê-las, quase só com lupa. Ou
focagem macro.
Como esta, exemplar exemplo:
“Apanhei”
esta danada
daninha em “Biana”. As flores são minúsculas, semeadas entre os caules róseos
rastejantes e folhas verdes recortadas. Cada uma das pétalas anda à volta de
0,5 cm. Como não ando a dormir na (re)forma, nem posso caminhar com pressa (e
muito menos viver apressado), dei por ela em várias fendas existentes em paredes
e construções. As mais abundantes descobri-as na base de um edifício, velho e em
ruínas. Mas não só. Também na base de um muro recentemente beneficiado.
Pois
é. Segundo se lê neste sítio, ruínas e cimbalária dos muros são nomes que,
em certas terras, lhe dão. Não sei se assim ou assado os vianeses também a nomeiam.
Não sei. Talvez até nem saibam que esta humilde ervinha, com suas pequeninas e belas
florinhas, existe ali, mesmo ao pé do seu distraído olhar.
Os
botânicos chamam-lhe «cymbalaria muralis»
e «linaria cymbalaria». Segundo o
sítio atrás sugerido, «as hastes portadoras de[stas] flores são
fototrópicas até à fecundação, procurando a luz. Após a fecundação afastam-se
da luz, dirigindo-se para fendas das paredes para nelas serem depositadas as
sementes, assegurando assim a sua futura germinação.» [Francisco
Clamote, que
remete para aqui.]
E pronto. Aqui fica o registo desta daninha
vianesa, completamente urbana, danadinha
por fendas (ou, se preferirem
sinónimos, aqui registados por ordem alfabética, para evitar segundas
intenções: aberturas, fissuras, frestas, frinchas, gretas, passagens estreitas, rachadelas, rachaduras, rachas, regos, sulcos, valas
apertadinhas ), onde a danada se expõe ao olhar dos
curiosos e na reprodução dos atrevidos se esconde.
Cá no Mato e redondezas, por fim, não
encontrei, até hoje, nenhumas ruínas
destas. Apesar de, cada vez mais, as fendas
(idem, para os sinónimos), com as
desertificações, alastrarem por estas bandas, em casas, paredes e muros arruinados.
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