quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Danadas daninhas 013




Daninhas, mais ou menos danadas, não se reproduzem e encontram apenas no campo. Também na cidade. E algumas, além daquelas propriedades, são ainda bem danadinhas!... Ó se… E, às vezes, tão, tão, tão pequeninas! Que, vê-las, quase só com lupa. Ou focagem macro.
Como esta, exemplar exemplo:
“Apanhei” esta danada daninha em “Biana”. As flores são minúsculas, semeadas entre os caules róseos rastejantes e folhas verdes recortadas. Cada uma das pétalas anda à volta de 0,5 cm. Como não ando a dormir na (re)forma, nem posso caminhar com pressa (e muito menos viver apressado), dei por ela em várias fendas existentes em paredes e construções. As mais abundantes descobri-as na base de um edifício, velho e em ruínas. Mas não só. Também na base de um muro recentemente beneficiado.
Pois é. Segundo se lê neste sítio, ruínas e cimbalária dos muros são nomes que, em certas terras, lhe dão. Não sei se assim ou assado os vianeses também a nomeiam. Não sei. Talvez até nem saibam que esta humilde ervinha, com suas pequeninas e belas florinhas, existe ali, mesmo ao pé do seu distraído olhar.
Os botânicos chamam-lhe «cymbalaria muralis» e «linaria cymbalaria». Segundo o sítio atrás sugerido, «as hastes portadoras de[stas] flores são fototrópicas até à fecundação, procurando a luz. Após a fecundação afastam-se da luz, dirigindo-se para fendas das paredes para nelas serem depositadas as sementes, assegurando assim a sua futura germinação.» [Francisco Clamote, que remete para aqui.] 
E pronto. Aqui fica o registo desta daninha vianesa, completamente urbana, danadinha por fendas (ou, se preferirem sinónimos, aqui registados por ordem alfabética, para evitar segundas intenções: aberturas, fissuras, frestas, frinchas, gretas, passagens estreitas, rachadelas, rachaduras, rachas, regos, sulcos, valas apertadinhas ), onde a danada se expõe ao olhar dos curiosos e na reprodução dos atrevidos se esconde.
 
Cá no Mato e redondezas, por fim, não encontrei, até hoje, nenhumas ruínas destas. Apesar de, cada vez mais, as fendas (idem, para os sinónimos), com as desertificações, alastrarem por estas bandas, em casas, paredes e muros arruinados.

Há ainda mais, muitas mais, danadas daninhas, rurais e urbanas. Algumas, danadinhas de todo. Por isso, a elas retornarei, e-ternamente.

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