quarta-feira, 3 de junho de 2020


0.2. Velhas como novas

       «Fachada quinhentista esquecida em Viana» [DN, 07-06-1990]


NB - Para uma breve apresentação desta série de apontamentos, (re)ver AQUI.

Quem, por estes dias, "confinado" ou "senfinado", tiver passado e/ou passar pelo Largo de S. Domingos, na cidade de Viana do Castelo, há de ter visto que a bela Igreja do mesmo nome, aí situada, anda em obras. Presume-se que de restauro. [Veja-se a fotografia, no final.]
Oxalá que com o rigor e os cuidados que um empreendimento desta envergadura, saberes e competências exige e merece. Ver-se-á.

Até que enfim - disse este "apontamentador" - sorrindo. É que, há 30 anos, foi publicado, no Diário de Notícias, no caderno «Regiões», com chamada na 1.ª pág. deste suplemento, a notícia-reportagem-crónica que, hoje, o "jornalista", depois de andar dias aos papeis por ela, aqui a deixa para (re)leitura:



E as obras prosseguem. Na fachada, pelo menos.



sábado, 30 de maio de 2020

     Velhas como novas


     00. Apresentação

     Durante alguns poucos anos (finais dos anos 80 e primeiros da década seguinte, do século passado), desempenhei, em Viana do Castelo, a função de correspondente do jornal Diário de Notícias, assinando notícias e crónicas, ora com o nome próprio (David Rodrigues), ora com o pseudónimo Daniel Fernando. Por razões de natureza académica, não me foi possível continuar esse (en)cargo.
     Há dias, remexendo velhos papéis, sempre mal arrumados, encontrei essas "velhas" que ao relê-las se me afiguram com alguma coisa de "novas": velhas crónicas e notícias que, por conter informações de (in)certo interesse para Viana do Castelo (cidade, concelho e distrito), resolvi republicá-las neste "sítio".
     As «velhas como novas», aqui reunidas, não obedecem à cronologia de publicação. Irão sendo "(ex)postas", segundo forem (re)encontradas e (re)formadas, conforme as digitalizações possíveis. Não constituem uma antologia. São apenas e tão somente uma seleção. Faça cada um dos pacientes (re)leitores o seu juízo em total liberdade crítica. Porque só há verdadeira crítica, quando exercida em total liberdade.
     NB1 - Os títulos das notícias e crónicas são (foram), geralmente, da responsabilidade da redação do jornal, tal como a maioria das legendas das fotografias por mim enviadas.
     NB 2 - Haverá gralhas, neste e nos próximos "postes". Serão corrigidas, apenas, as mais graves.

     0.1. Velhas como novas (01)
     «Moinhos de Montedor à espera do tribunal» [DN, 05-09-1991]



"Nova como velha"

Por se considerar com relativo interesse "histórico", reproduz-se, a seguir, fotografia colhida em 25/05/2020, do moinho cilíndrico na notícia acima apresentado.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Serração da Velha [II]


[Continuação / Fim]


“Prometido é devido”! Assim, cá fica a continuação do artigo, cuja republicação comecei no “post” anterior, mas que veio a lume, pela primeira vez, em 1989, na revista Cadernos Vianenses (tomo 12, pp. 21-28), e, em separata, no ano seguinte.

Serração da Velha é - recorde-se - uma tradição festiva popular, de natureza folclórica, burlesca e satírica. Realiza(va)-se, geralmente, no início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas ou no domingo seguinte a esta féria. Dado o seu caráter festivo e irreverente, pode ser considerada, por isso, uma continuação do Carnaval. Acontece(rá), por isso, hoje, em algumas localidades.



[...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...]


Adenda, com pedido de desculpa - Ao longo do artigo, reproduzido em formato jpeg (digitalizado), encontrarão uma outra gralha que, inadvertidamente, deixei "(re)pousar". Experientes "caçadores" que são, os leitores facilmente as "alvejarão". Desculpem!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Serração da Velha [I]


Em 1989, nos Cadernos Vianenses (tomo 12, pp. 21-28), publiquei um pequeno artigo com o titulo acima indicado. Artigo que, no ano seguinte, foi editado também em separata.

A Serração da Velha é uma tradição festiva popular, de natureza folclórica, burlesca e satírica. Realiza(va)-se, geralmente, no início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas ou no domingo seguinte a esta féria. Dado o seu caráter festivo e irreverente, pode ser considerada, por isso, uma continuação do Carnaval.
Neste ano, esta tradição acontece(rá), no próximo dia um de março. Com o objetivo de, por um lado, recordar esta tradição e, por outro, modestamente contribuir para o seu (re)conhecimento, reproduzo o referido artigo. A segunda parte [II] será publicada na próxima quarta-feira.





Então, até quarta-feira.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O Trabalho e o Canto (I)


O Arquivo de  Ponte de Lima  começou a ser publicado em 1980. Foi seu diretor José Rosa de Araújo, tendo como redator e administrador Adelino Tito de Morais.
A convite de Rosa de Araújo, colaborei no n.º 1 (janeiro-abril), com o apontamento, de natureza etnográfica, que ora reproduzo. Trata-se de recolha de quadras referentes à poda, feita na freguesia de Gaifar, mas comum, certamente, a outras terras suas circunvizinhas.
Não consegui registar, então, a música. Haverá ainda gente, lá pelas bandas sul do concelho limiano, que as saiba cantar?


NB - Todos os direitos reservados.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Cantares de reis – Dos “pequenos” e dos “grandes” (III)


Cantar de Reis
(Mato - Ponte de Lima. E não só!)


A 7 de janeiro, recordei, no FB, no Google+ e no Twitter, dois "posts" publicados, neste blogue, sobre o(s) cantar(es) de reis, na freguesia de Mato, concelho de Ponte de Lima.
                                                                                                                          Igreja do Mato.
Trata-se de uma tradição vivida por mim, enquanto criança e jovem (mais passiva que ativamente, confesso), na segunda metade do século passado. Em 2012, contudo, recolhi, junto de familiares e outros informantes locais, todos um pouco mais "velhotes" que eu, as letras e a música desse(s) cantar(es). E, enquanto as recolhia, com eles as fui também recordando e cantando. Aliás, nunca esqueci a música e as quadras da versão cantada pelos «Pequenos».

Nesses "posts", além de breve contextualização da tradição, de natureza etnográfica, reproduzi as quadras das versões cantadas por jovens & adultos (localmente chamada «Reis dos Grandes») e por crianças & adolescentes (localmente chamada «Reis dos Pequenos»). Faltava, porém, a transcrição musical.

Considerando que a recolha efetuada seria signifi-cativamente enriquecida e valorizada com a música, desafiei, desta vez, músicos que estivessem disponíveis para elaborar a respetiva pauta. Manifestei, em contrapartida, a minha colaboração, para lhes cantar os "meus" reis, ainda que já de voz cansada.

        Avelino O. da Costa
Dois Amigos, que muito prezo, logo manifestaram a sua disponi-bilidade.

Trocadas as mensagens necessárias, foi com Avelino Oliveira da Costa que o objetivo se desenvolveu mais rapidamente. O projeto com o outro Amigo, devido aos seus afazeres profissionais e culturais, encontra-se ainda em curso. Dedicar-lhe-ei, oportunamente, também um “post”, neste blogue.

A versão deste cantar, no Mato, coincide com a que o Avelino também conhece de Godinhaços (Ribeira do Neiva), Vila Verde, sua terra natal. Versão que, segundo cremos, "reinaria", geograficamente, nas freguesias mais interiores, situadas nas margens daquele rio.

Assim, hoje, tenho o grato prazer de lhes apresentar o trabalho do Avelino. Este Amigo escreveu tanto a pauta deste Cantar de Reis, segundo a versão por mim recolhida no Mato e que – ambos o cremos – deve ser igual à que se canta(va) também nas terras interiores do Neiva, como realizou, ainda, um vídeo musical. Neste, a melodia do cantar é reproduzida, na 1.ª parte, apenas por voz e, na 2.ª, por voz e instrumental.

     Cá têm, ora, a pauta musical do Avelino:


Para quem quiser aprender e/ou recordar a letra deste(s) cantar(es), seguindo a pauta, aqui deixo as respetivas quadras, das versões «Reis dos Grandes» e «Reis dos Pequenos».

Cantar de Reis
(Mato – Ponte de Lima. E não só!)
«Reis dos Grandes»
«Reis dos Pequenos»

1.  Aqui estão os reis à porta,
Dispostos para os cantar,
Se o senhor nos der licença,
Nós lh’os imos começar.

Refrão
Aqui estamos nós, todos reunidos,
A cantar os reis aos nossos amigos.
Não é por interesse, é por amizade,
A cantar os reis à sociedade.
[Repetem-se os 2 últimos versos.]

2. Reis que d’Oriente vindes,
Que vindes a procurar?
Procuramos rei Herodes,
P’ra bem nos encaminhar.

Refrão

3. Herodes como um malvado,
Como um travesso maligno,
Às avessas ensinara
Aos santos reis o caminho.

Refrão

4. Mas eles, como eram santos,
Seguiram o seu destino,
Guiados por uma estrela,
Até chegar ao Menino.

Refrão

5. O Menino está no berço,
Coberto c’um cobertor.
Os anjinhos vão cantando:
Louvado seja o Senhor.

Refrão

6. A estrela se baixou,
Por cima duma cabana.
[Os três reis nela encontraram
Toda a família sagrada.[1]]

Refrão

7. A cabana era pequena,
Não cabiam todos os três.
Adoraram o Menino,
Cada um por sua vez.

Refrão

8. Todos três lhe ofereceram
Ouro, mirra e incenso.
Nada mais lhe ofereceram
Porque Ele era o Deus imenso

Refrão

9. Nós vimos cantar os reis,
Não é só pelo dinheiro,
É pelas maçães da caixa
E chouriços do fumeiro.

Refrão

10. A rolinha vai rolando,
Por cima duma cebola.
Viva lá, senhor [nome],
A mais a sua senhora.

Refrão

11. Viva lá, menino/a [nome],
Çafatinho de maçães,
Debaixo da sua cama,
Lá lhe vão cagar os cães.

Refrão

12. Viva lá, *senhor [*menino/a + nome],
Raminho de bem-querer,
Pegue na chave da loja,
Venha-nos dar de beber.

Refrão

[…   …   …   …   …   …   …]

13. Estes reis não se cantam
Nem a rei, nem a fidalgo,
Mas nós vimo-los cantar,
Por ser ano, melhor ano.

Refrão

14. Vamos dar as despedidas,
Na folhinha do café.
Para o ano, cá voltamos,
Doze meses pouco é.

Refrão

[1] Os versos em itálico não foram colhidos junto dos informantes. São uma proposta do autor da recolha. A versão colhida não obedecia a rima nem apresentava sequência coerente.

1. S’ores da casa, gente nobre,
Escutareis e ouvireis,
Ouvireis novos cantores* (*pastores)
Que vos vêm cantar os reis.

Refrão
Aqui estamos nós, todos reunidos,
A cantar os reis aos nossos amigos.
Não é por interesse, é por amizade,
A cantar os reis à sociedade.
[Repetem-se os 2 últimos versos.]

[Nesta versão, o pequeno grupo de rapazes não cantava a narrativa da viagem dos Magos. Em geral, passavam, de imediato, à parte chamada dos «Vivas».]



     2. A rolinha vai rolando,
Por cima duma cebola.
Viva lá, senhor [nome],
A mais a sua senhora.

Refrão

3. Viva lá, menina/o [nome],
Raminho de pessegueiro,
As flores lhe vão caindo
Em redor do travesseiro.

Refrão

4. Viva lá, menina/o [nome],
Raminho de salsa crua,
No catre da sua cama,
Põe-se o sol e nasce a lua.

Refrão

5. Viva lá, menina/o [nome],
Raminho de palma branca,
Seu corpinho é de neve,
Sua alminha já ‘stá santa.

Refrão

6. Viva lá, menino/a [nome],
Casaquinha de veludo,
Meta a mão no seu bolsinho,
Bote pr’a cá um escudo.

Refrão

[…   …   …   …   …   …]

7. Vamos dar as despedidas,
Na folhinha do café.
Para o ano, cá voltamos,
Doze meses pouco é.

Refrão

 Obs. - Para breve descrição (de natureza etnográfica), estrutura e variantes nas quadras deste(s) cantar(es), ver, para «Reis dos Pequenos», AQUI, e para «Reis dos Grandes», AQUI.

E agora, vamos ao video. Quem quiser pode ir aprendendo e ensaiando a melodia. No próximo ano, poderá cantar este(s) cantar(es), acompanhado ou não por instrumental. Eis o "link" do vídeo que o Avelino fez e editou:
Neste vídeo, foram utilizadas fotografias que mostram aspetos paisagísticos e tradicionais do Mato.

Esperamos, o Avelino e eu, contribuir, com este modesto mas apaixonante trabalho, para a preservação de uma tradição que, também ela, faz parte do nosso património cultural, popular e imaterial.

Muito obrigado, novamente, aos informantes da minha terra natal e ao Avelino!

sexta-feira, 25 de março de 2016

MAGNÓLIA AMARELA (II)



Do esplendor da bela flor à sua inevitável decadência.
[Continuação do "post" anterior.]










Mais dia menos dia, as flores darão lugar à verdura das folhas.