sábado, 29 de junho de 2013

haVer mar

001. «Honchenya peploides»














Nota - Todas estas fotografias foram obtidas a norte da cidade Viana do Castelo, em areal marítimo da freguesia de Areosa.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Danadas daninhas 035



José Macário, o Fístula, passa a farmacologista.




Filho do boticário Eusébio Macário, Fístula, «caçador e fadista de tabernas sertanejas», regenera-se e segue as pisadas do pai. Passa a recolher «hervas na estação propria», que «as conhecia muito bem». Feitas as devidas manipulações, no almofariz da botica paterna, «aviava receitas com limpeza» dos respetivos xaropes.

Para os interessados, aqui fica, segundo CAMILO, a lista das «hervas e arbustos», com suas propriedades curativas e respetivas aplicações.

 
  



 
Fotografias destas danadas daninhas serão, um dia, aqui apresentadas. À medida que forem reconhecidas e identificadas.

Notas
a) Bibliográfica - CAMILO Castelo Branco, 1879: «Eusebio Macario – Historia Natural e Social d’uma Familia no Tempo dos Cabraes», em Sentimentalismo e História (I). Porto / Braga: Livraria Internacional de Ernesto / Eugenio Chardron; pp. 162-165.
b) Informática - Fotografadas, as páginas reproduzidas, depois de adaptadas, são aqui reproduzidas em formato jpeg.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

haVer no que dá (Anexo)



ludicaMente: anexo ao último post



Os maiores predadores das cerejas do Mato, nos meus tempos de criança, não eram nem os melros, nem os gaios, nem os pardais (a que nós chamávamos pardelhos). Éramos nós, os rapazes, que, como ágeis lagartixas, marinhávamos os troncos das grossas e altas cerejeiras (id. cerdeiras), próprias e também ou sobretudo alheias, sem escada, à custa de braços e pernas (e, quantas vezes, de camisas, camisolas e calças). Bastava um propor: «Vamos a elas!»

Alcançada a copa, instalávamo-nos num dos ramos e começava o fartote, percorrendo os galhos mais carregados delas. Isto – claro! – só quando prevíamos que o dono não faria ronda. O que, porém, raramente acontecia. De um momento para o outro, lá aparecia ele, praguejando a escorraçar-nos. E nós, ala, que se faz tarde! A descida era, então, um fácil escorreganço. Doíam menos, se doessem, os arranhões que as pedradas e/ou bordoadas e/ou bofetadas e/ou puxões d’orelhas. Dele ou do pai. Que o homem era de queixinhas. Como se não tivesse sido também rapaz.


Acontecia, por isso, preferirmos quebrar, rapidamente, alguns ramos, dos mais carregados, sem cuidarmos se todos os frutos estavam maduros, independentemente de serem das vermelhas ou das pretas. Ginjas, havia poucas. Enchíamos os bolsos disponíveis, descíamos e partíamos. Mais ou menos desassossegados. Convém referir que o assalto era realizado por um pequeno bando, dois ou três, por vezes quatro. Porque, quando mais, as bocas eram demais. Assim, enquanto um e/ou dois subiam, o(s) outro(s), em terra, vigiava(m) e/ou aparava(m) e/ou apanhava(m) os galhos e as cerejas.

Deslocávamo-nos, em seguida, para sítio onde fazer a partilha. Umas vezes, pataca-a-mim, pataca-a-ti. Outras, geralmente quando o assalto rendia pouco, recorríamos à sorte do alfinete. Um de nós trazia sempre um instrumento destes a segurar a alça dos calções ou a fechar a carcela. Que, naqueles tempos, ainda não se usava, no Mato, a modernice do perigoso fecho-éclair. Os respetivos botões tinham sido fanicados (id. fanichados) no jogo-do-pincha contra o muro ou parede, ou no jogo-do-botão-atrás-do-meco, como substitutos dos tostões. Que a gente era pobre, meus caros! Oh, s’era!


Escolhíamos uma superfície mais ou menos plana, geralmente pedra ou tábua, e colocávamos nela um montículo das cerejas. Depois, cada um, à vez, lançava sobre elas o alfinete. Se ele ficasse espetado, o jogador ganhava e papava a cereja picada. Mas tinha que a retirar com muito cuidadinho, pois se, ao recolhê-la, a deixasse cair, perdia e lá voltava ela ao monte. Por vezes, na mesma vez, enfiavam-se duas. Mas isso – tó rola! – era sorte a mais. Uma, de cada vez e bib’ò belho! E nem sempre. Sobretudo quando começavam a ficar poucas. Então a última!... Era preciso ter cá uma pontaria! Experimentem, se não sabem ou já se esqueceram, e digam-me!


Naquele tempo, no Mato, alfinete era apenas aquele instrumento que – soube-o mais tarde – outros chamavam de ama. Para os distinguir, certamente, dos de cabeça. Para nós, também estes eram tachinhas, só que mais fininhas, como agulhas. Daquelas que os armadores utilizavam no arranjo dos andores da festa.

Boas trincas!