quarta-feira, 29 de maio de 2013

Danadas daninhas 032




Chamam-lhe, cientificaMente, «jasione montana». É conhecida (e vista), popularMente, por outros nomes, que lhe fixam a cor e/ou a forma, a aparência e/ou a semelhança. Lá fora, tem várias designações. Cá dentro, parece que apenas botão azul.
No Mato, não encontrei conterrâneo que lhe desse um nome. Mas dizem tê-la notado, durante os meses de verão, em muros de pedra solta, valados e beiras de caminhos mais ou menos arenosos, expostos ao sol do sul. Mas já encontrei esta danada também em terrenos cultivados. Por isso, silvestre, sem dúvida; campestre, eventualmente. Agora daninha por aí além, não me (a)parece. O diâmetro da pequena corola ronda, no máximo, os 5 cm. O pedúnculo, que suporta e ostenta o botão azul, varia: vai, segundo as minhas medições e cálculos, dos 15 aos 40 cm. Conforme a idade e crescimento, logicaMente.


É espécie que, pelos vistos, prefere habitats relativamente interiores, mais ou menos distantes dos ares e ventos marítimos. Em Viana, nos arredores rústicos e/ou rurais por onde estico as pernas, ainda não dei com/por ela. Mas este também não é o mundo onde caiba o meu e-terno reino azul. A que em breve retornarei, com mais uma (pelo menos) danada azul.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Danadas daninhas 031



Como o azul e branco são cores que combinam muito bem, como objetivaMente se tem observado, dentro e fora dos campos, apesar das daninhas que, rubras de inveja, não param de tentar abafá-las, as danadas campestres de hoje seguem, agora, aos pares.


Toda gente as conhece. Encontram-se em terrenos bravios, sobretudo, ou agrícolas abandonados, incluindo beiras de caminhos e até em muros de pedra solta. A corola desabrocha na ponta do pedúnculo que se levanta, maior que o pecíolo, entre o tufo das folhas verdes.
É flor pequenina, com um diâmetro que não ultrapassa, geralmente, os 2 cm. Deslumbra e prende, por isso, quem não tem pressas no andar e de vagares dispõe para as observar.
Diz-se, por aí, que também as há noutras cores. Desconheço. As que encontro pelos maus caminhos do Mato (mais) e de Viana (menos), são sobretudo azuis, predominantes, e brancas, aqui ou ali.


Estas danadas são classificadas viola, no género, e odorata, na espécie. Diz-se que assim as dizem, cientificaMente, os entendidos ou como tal ditos. No Mato, chamamos-lhe, popularMente, apenas violeta brava e/ou, às vezes, de cheiro. Mas reservamos esta última designação mais para as ajardinizadas. Que também as há, como sabem. Mas eu, de momento, ando só voltado, e-ternaMente, para as daninhas… 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Danadas daninhas 030


Foi esta pequena – pronto: confesso – que me levou por maus caminhos. Já AQUI mostrei onde e como a encontrei. E como, deslumbrado, dela fiquei cativo.


Passei, por isso, objetivaMente, a procurá-la e captá-la, por/em novos caminhos, carreiros e corredores, cangostas e passagens. Atalhei, para o efeito, campos e outeiros, atravessei matas e matagais, bouças e silvedos, de olhos atentos a margens e bermas, saltei muros e paredes, valados e declives, perdi-me em clareiras e sombredos [dizemos no Mato; logo escrevo].



Acontece, porém, que ela – a danada – não gosta de desabrochar e crescer sozinha. É no meio de outras silvestres que aparece, subtilmente se deixa ver, mas facilmente apanhar. Depois, prefere terrenos mais ou menos sombrios e relativamente húmidos, mas arenosos e drenáveis. Foi assim que, andando atrás dela, outras, muitas e muitas outras, relativaMente daninhas, mas e-ternaMente danadas como ela, me foram aparecendo, seduzindo e oferecendo a outras observações e registos.



Hoje, integra o canteiro silvestre que ando a construir. Feito o transplante, adaptou-se, vingou, já reproduziu e promete continuar. Bela, belíssima, como sempre! Desde o botão, poucos dias após o início da floração, à surpreendente coroa de sementes em que a estranha corola acaba por se transformar.



Não a quero, porém, prisioneira nem domesticada. Apenas oferecer-lhe melhores condições de vida. Mas se, para desgosto meu, ela não se der bem com o novo habitat – paciência! – terei de a devolver aos primitivos ubres de reprodução. Voltarei, assim, aos maus caminhos. Não para a descobrir, mas para a visitar. É também uma questão de cortesia.


Ainda não houve quem me dissesse, apesar das alvíssaras enológicas então prometidas, o nome desta belíssima, -íssima, -íssima flor/planta. Posso garantir-lhes, porém, que ela – a danada – abunda – a daninha, sem danos de monta – em certos terrenos do Mato, embora ninguém lhe chame nomes. Mas que, popularMente, ela há de ter um, lá (e cá) isso há de. Neste e-sítio, por exemplo, diz-se que gente, vulgar como nós [os cientistas botânicos que me desculpem, por implicitamente os considerar invulgares], chama-lhes “luvas de Nossa Senhora”, “colombina”, “soldados”, “aquilégia” e “aquilea/aquiléia”. E que «aquilegia vulgaris» é o seu nome científico. Talvez por isso, por ser vulgar como nós, é que ela é pura e simplesmente bela.



Esta aquilégia é azul. Azulíssima, por vezes. Mas há outras, de outras cores, mas de feitios semelhantes. No Mato, encontrei e cultivo também vermelhas e vermelhas-e-brancas. Estas últimas, são cultivadas (não por mim) com fins ornamentais, preferencialMente. Às rubras, há quem as veja mais daninhas que todas as restantes. Umas e outras hão de ser também postadas, oportunamente. Que, por ora, o meu reino continua de azul vivo.