terça-feira, 14 de maio de 2013

Danadas daninhas 030


Foi esta pequena – pronto: confesso – que me levou por maus caminhos. Já AQUI mostrei onde e como a encontrei. E como, deslumbrado, dela fiquei cativo.


Passei, por isso, objetivaMente, a procurá-la e captá-la, por/em novos caminhos, carreiros e corredores, cangostas e passagens. Atalhei, para o efeito, campos e outeiros, atravessei matas e matagais, bouças e silvedos, de olhos atentos a margens e bermas, saltei muros e paredes, valados e declives, perdi-me em clareiras e sombredos [dizemos no Mato; logo escrevo].



Acontece, porém, que ela – a danada – não gosta de desabrochar e crescer sozinha. É no meio de outras silvestres que aparece, subtilmente se deixa ver, mas facilmente apanhar. Depois, prefere terrenos mais ou menos sombrios e relativamente húmidos, mas arenosos e drenáveis. Foi assim que, andando atrás dela, outras, muitas e muitas outras, relativaMente daninhas, mas e-ternaMente danadas como ela, me foram aparecendo, seduzindo e oferecendo a outras observações e registos.



Hoje, integra o canteiro silvestre que ando a construir. Feito o transplante, adaptou-se, vingou, já reproduziu e promete continuar. Bela, belíssima, como sempre! Desde o botão, poucos dias após o início da floração, à surpreendente coroa de sementes em que a estranha corola acaba por se transformar.



Não a quero, porém, prisioneira nem domesticada. Apenas oferecer-lhe melhores condições de vida. Mas se, para desgosto meu, ela não se der bem com o novo habitat – paciência! – terei de a devolver aos primitivos ubres de reprodução. Voltarei, assim, aos maus caminhos. Não para a descobrir, mas para a visitar. É também uma questão de cortesia.


Ainda não houve quem me dissesse, apesar das alvíssaras enológicas então prometidas, o nome desta belíssima, -íssima, -íssima flor/planta. Posso garantir-lhes, porém, que ela – a danada – abunda – a daninha, sem danos de monta – em certos terrenos do Mato, embora ninguém lhe chame nomes. Mas que, popularMente, ela há de ter um, lá (e cá) isso há de. Neste e-sítio, por exemplo, diz-se que gente, vulgar como nós [os cientistas botânicos que me desculpem, por implicitamente os considerar invulgares], chama-lhes “luvas de Nossa Senhora”, “colombina”, “soldados”, “aquilégia” e “aquilea/aquiléia”. E que «aquilegia vulgaris» é o seu nome científico. Talvez por isso, por ser vulgar como nós, é que ela é pura e simplesmente bela.



Esta aquilégia é azul. Azulíssima, por vezes. Mas há outras, de outras cores, mas de feitios semelhantes. No Mato, encontrei e cultivo também vermelhas e vermelhas-e-brancas. Estas últimas, são cultivadas (não por mim) com fins ornamentais, preferencialMente. Às rubras, há quem as veja mais daninhas que todas as restantes. Umas e outras hão de ser também postadas, oportunamente. Que, por ora, o meu reino continua de azul vivo.

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