domingo, 16 de dezembro de 2012

Danadas daninhas 011



Esta danada é flor de erva ruim. Ou brava, como lhe chamamos, cá no Mato, em vez de silvestre. Daninha, assim, por aquilo e por isto: encontra-se por aí, ao deus-dará, em reprodução fácil, mas também porque os seus frutos são venenosos. Danosos, portanto. A imagem fotográfica, feita ao pé do olhar, não reproduz, objetiva-mente, o tamanho destas flores. Belas, sem dúvida. Elas são pequeninas, medindo cada uma, de ponta a ponta de pétala, não mais de 2cm. Apresentam-se em cacho e são como que pontos brancos, semeados entre as folhas da planta.


 A esta erva, os meus conterrâneos não dão (ou já esqueceram) qualquer nome próprio. Trazem-na, porém, debaixo d’olho, para que não lhes inunde campos e quintais, abafando as culturas que tanto trabalhinho e canseiras dão.
Encontro, nas minhas caminhadas, duas espécies [?] desta danada. Segundo o meu olhar, as folhas de umas são verdes, as de outras de um verde a fugir para o azul lilás. Além disso, as primeiras erguem-se do solo, em caules que se ramificam, podendo atingir mais de 1m de altura; as segundas ramificam-se em vários caules logo junto ao solo, podendo alcançar cada um à volta de 50cm.


Nasce, cresce, desenvolve-se e reproduz-se em terrenos agrícolas (sobretudo não cultivados) e bravios. Encontra-se também nas bermas de estradas e caminhos, em valetas e valados, buracos de muros e paredes de pedra. Basta-lhe um punhado de terra: a semente germina, ganha raiz e agarra-se ao solo, cuja fertilidade e irrigação favorece crescimentos e portes diferentes. A dada altura, as flores de umas e outras vão dando lugar aos frutos.


Estes bonitos cachos de bolinhas parecem, mas não são, tomates. Ora bolas! Dos comestíveis, pelo menos, que, na maturação, passam de verdes a vermelhos. Os desta danada daninha ficam pretinhos, como se vê. Será por isso que os botânicos lhe chamam solanum nigrum?... Confirme, infirme e/ou explique quem souber. Pertence, segundo os entendidos (ou como tal considerados), à família das solanáceas, onde metem, além dos tomates todos, também todas as batatas, a beringela, pimentos e certos melões (andinos), entre muitíssimas outras espécies (cerca de 2.000), agrupadas em 95 géneros.


 Navegando, encontram-se vários sítios que descrevem esta daninha. Aqui, por exemplo, chamam-lhe erva-moura, solano e tomateiro-bravo. Mas há quem lhe dê muitos outros nomes, como se pode ler aqui. É possível que os mereça a todos. Segundo vários sítios, estes impropriamente ditos “tomates”, se ingeridos, podem mandar um bicho deste mundo, humano ou dos outros, para os bichos imundos de outros mundos. E parece que nada vale ela valer alguma coisa em fitoterapia. O melhor, pois, é mesmo não arriscar nadinha com os “tomatinhos” desta danada, chame-se-lhe erva ruim, brava, silvestre ou moura, porque sempre daninha.
Já agora, digam lá às meninas e meninos que aqueles lindos e atraentes cachos de baguinhos pretos também não são cerejas! Nem, muito menos, uvas!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

No instante, poemas da minha estante


PAPINIANO CARLOS (1918-2012)

 





Notas
1) A fotografia do poeta encontra-se aqui, sítio de onde foi copiada.
2) Respeitou-se a ortografia do original consultado.